A CORAGEM DOS QUE ESTÃO LÁ

VIAGEM

Admiro a coragem dos que escolhem viver uma vida de saudade. Aqueles que por livre e espontânea vontade deixam para trás a sua cidade natal, os amigos de longa data, a família, os rostos familiares. Não me refiro aos que tentam fugir, nem aos que buscam a felicidade em outros lugares, outras pessoas, e que dão graças a deus por pegar o avião – sem lembrar que não importa para onde viajemos a gente sempre vai junto.

Não que não os admire, não é isso. Mas hoje estou falando daqueles que são felizes e tem uma vida boa na terrinha. Que têm amigos, família, planos, desejos e lugares favoritos. Não vivem uma vida triste em casa. Muito pelo contrário. Sabem que seriam capazes de ter uma vida plena e alegre no lugar onde nasceram. E ainda assim escolhem correr atrás de algo maior.

Pode ser um emprego atraente, um grande amor, a segurança de dormir de portas abertas ou poder morar há menos de 10 minutos da praia. Os motivos são variados e cada um tem o seu. Mas não são fugas, muito antes pelo contrário, são buscas. Troca-se o certo pelo duvidoso, o bom pelo que tem o potencial de ser ótimo. Arrisca-se e arriscar-se é viver.

São pessoas admiráveis as que escolhem o caminho mais difícil. Sabem que enfrentarão uma vida de saudades, de ausências e de momentos de solidão. Claro que se fazem novos amigos e grupos, mas tem coisas que só aqueles que nos conhecem desde sempre podem fazer por nós. E a vida longe deles pode ser um pouquinho mais difícil. Mas o difícil não assusta estas pessoas. Elas sabem que o que buscam vale qualquer dificuldade.

Buscar o que se acredita, ir atrás do que se quer, mesmo sabendo que a estrada será dura e por vezes solitária. Aventurar-se mundo afora, contando com a boa vontade de pessoas até então estranhas e buscando descobrir-se enquanto se descobre a vida. Uma vida de saudades. Mas as saudades se tornarão pequenas quando olhar para trás e ver as conquistas, os objetivos alcançados, o sonho concretizado, mesmo que de forma diferente daquela idealizada no começo da viagem. Admiro os que sabem que precisam ir embora e vão. E também aqueles que não precisam, mas que querem e vão.

E que as saudades, que hoje parecem gigantes, fiquem cada vez menores, mais toleráveis, mais esparsas. Até mesmo porque aqueles que te conhecem desde sempre, sempre irão te conhecer.

5 pensamentos sobre “A CORAGEM DOS QUE ESTÃO LÁ

  1. Cristina disse:

    Muito bonito e verdadeiro o que aqui se escreveu. Sou uma destas pessoas, que ainda está vivendo a construção de uma nova vida em outro lugar, e assim aprendi com meus pais também. Acomodar-se cria raízes (confortáveis e seguras); mudar, passar pelo processo de “transplante” – por outro lado – nos torna mais fortes, com ramagens mais abundantes, coloridas e vibrantes. Em direção à luz do sol, à luz de Deus, à luz da vida.

  2. Maria da Conceição Rietra Marzano disse:

    Fiquei emocionada,pois vivi isso em minha vida e continuo vivendo com toda a minha família distante de mim,mas cada um tem de viver sua vida,portanton vou em frente……

  3. Monica disse:

    Maravilhoso texto!

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