CRÔNICA DE UM FIM ANUNCIADO

Eu queria que fosse diferente, que as coisas tivessem acontecido de outra forma ou que pudessem ter permanecido iguais. Eu te amei. Juro que te amei com tudo que tinha pra amar. Mas não até o fim e talvez tenha sido este o meu maior erro: não saber te avisar que o amor tinha acabado. Mas tente entender, eu também custei a perceber.

As coisas acontecem quando devem acontecer. E eu juro que te amei. Foram tantas coisas, tantas histórias. Nunca foi fácil, mas sempre pareceu certo. Pelo menos até agora. E eu queria que tivesse sido diferente. Mas não foi.

Não planejei o desamor, mas ele, assim como o amor, também acontece. Espero que percebas que eu simplesmente cansei. Cansei das noites sozinhas, das palavras grosseiras, do aparente descaso que tu juras ser só o teu jeito. E talvez seja. Mas meu amor se foi junto com minha paciência, minha compaixão, minha força de vontade.

Minto. A vontade durou mais. Porque eu tentei. Juro que tentei. Até o fim. Agarrei-me ao último suspiro, ao carinho final, ao toque delicado, ao gesto amoroso. Eu quis ficar, eu quis que desse certo, eu me dediquei. Até o final.

E tentando salvar o que já não podia ser salvo, errei ainda mais. Não soube te avisar que o amor acabara. Tentei te falar, mas quantas vezes tu não quiseste ouvir? Negamos o que estava ali, na nossa frente. E seguimos negando e tentando, tentando e negando até a hora que ninguém aguentava mais. Eu não aguentava mais.

E me apaixonei de novo. Não busquei um novo amor. Resisti. Até o fim. Juro que resisti. Não me entreguei, não me deixei envolver. Lutei contra aquilo que cada centímetro de mim dizia ser certo. Fui fiel a ti e infiel a mim.

Pensei que não te traía. Não sabia que ao me trair, traía também a lembrança da gente. Do que um dia fora um amor. Daquilo que, se nunca foi perfeito, foi sim tão nosso e por ter sido nosso, merece ser guardado sempre com carinho, sempre com respeito, sempre com candura.

Mas não foi a falta de amor que me fez te trair sem ser infiel. Muito pelo contrário. Fiquei ali, não por pena, não por compaixão, não por sentimentos que te inferiorizam ou que te causem repulsa. Fiquei porque queria te amar. Com todo meu ser, queria sentir por ti aquilo que um dia sentira. E por querer tanto te amar, não percebi quando o amor foi embora.

Então eu, ainda que um pouco tardiamente, vou embora. Espero que me entendas. Eu queria que tivesse sido diferente. Eu juro que queria. Mas não foi.

4 pensamentos sobre “CRÔNICA DE UM FIM ANUNCIADO

  1. Clenia disse:

    Muito bem escrito, você sabe bem expor seus sentimentos Lena. Espero que seu coração fique o mais cheio de amor verdadeiro possível e que principalmente passe a ser correspondido sempre na mesma medida. Bjão e parabéns mais uma vez pelo texto.

  2. Quero um autógrafo ❤

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